A experiência internacional tem nos mostrado que os pacientes com doenças cardíacas fazem parte do grupo de risco do Coronavírus. Dados Chineses evidenciam que cerca de 40% dos casos com pior prognóstico pertenciam ao grupo dos cardiopatas. A mortalidade nos pacientes cardíacos aumenta de 2 % para aproximadamente 10,5%.
Mas porque isso ocorre? O coração é o nosso motor. Em condições normais um motor, mesmo com uma potência baixa, consegue funcionar; mas, em situações onde ele é mais demandado, pode falhar ou entrar em colapso. As infecções são fatores estressantes para o nosso corpo. Elas causam um aumento da frequência cardíaca, além de outras modificações na fisiologia basal que um coração doente tem mais dificuldade para tolerar. Além disso, pacientes com insuficiência cardíaca grave liberam cronicamente através da sua corrente sanguinea substâncias que acentuam as reações inflamatórias e alteram a sua imunidade, tornando-os mais sensíveis. Por isso, os cardiopatas são orientados a realizar vacinas rotineiramente e a tratar prontamente qualquer infecção. Não é apenas o coronavírus que os afeta. Dessa forma, com a chegada do inverno devemos estar atentos às primeiras manifestações das doenças sazonais.
Se você que está lendo esse texto não é cardíaco, sinta-se aliviado; mas chamo-lhe atenção para um outro fenômeno que vem ocorrendo mundialmente: As pessoas estão negligenciando sintomas cardiovasculares e evitando procurar ajuda médica por medo de contrair o coronavírus. Crises de angina (dor no peito causada por obstrução no coração) que poderiam ser resolvidas com medicações ou procedimentos, estão se transformando em infartos graves que levam os pacientes para as UTIs e muitas vezes até a morte. Dados da cidade de Nova York mostram que, na semana do dia 30 de março a 7 de abril, um serviço médico de atendimento no domicilio registrou 1990 chamadas para socorrer infartos ocorridos nas casas, resultando em 1453 mortes. Isso representa um aumento de 800% nesse tipo de atendimento. No Brasil, morrem em média cerca de 900 pessoas por dia de causa cardiovascular. No mundo são aproximadamente 17 milhões por ano.
Então, se você é cardíaco, tome todos cuidados necessários, pois se trata de um grupo de maior risco do coronavírus. Saiba, contudo, que a correta e completa avaliação de sua cardiopatia com o tratamento adequado é capaz de minimizar e até anular esse risco. Agora, se você não se sabe cardíaco, não deixe que o Covid o impeça de fazer um diagnóstico que pode ser vital para a sua sobrevivência.